ELIZANDRA SOUZA

domingo, 21 de fevereiro de 2010

COMO ALIAR AS DEMANDAS DOS NEGÓCIOS E AS EXIGÊNCIAS DA VIDA PESSOAL

COMO ALIAR AS DEMANDAS DOS NEGÓCIOS E AS EXIGÊNCIAS DA VIDA PESSOAL

Casa, filhos, cônjuges, trabalho, funcionários, metas, planejamentos, despesas mensais, impostos, contas, passeios, reuniões, um cineminha, um jantar a dois, o jantar de negócios, crescimento, estagnação... Como na antiga brincadeira do ‘cabo de guerra’, que no lugar do nó que separa um lado do outro, ficam as pessoas que precisam equilibrar as forças das obrigações, exigências e deveres trazidas pelos lados aparentemente opostos e que se colocam em determinadas posições, impossibilitados de dialogar.

O centro, o nó, o ponto de apoio desse ‘cabo de guerra’ é ao mesmo tempo o sofredor, afetado na forma mais integral e mediador, que deve (por obrigação) ter discernimento suficiente para deixar a balança equilibrada, para satisfazer ambas as partes, sem deixar buracos ou fendas, reajustar-se a cada ponto, a cada ângulo para que possa se encaixar perfeitamente em espaços antagônicos, como um peça extremamente flexível e adaptável.

Tarefa difícil esta de assumir ambos os lados de um jogo, sendo adversário de si mesmo e se desdobrando para fazer todos ganharem e nenhum se sentir subjugado ou subestimado, mas que infelizmente as pessoas não conseguem jogar de forma positiva, adequada ou suficiente integralmente.

Eu poderia dizer de maneira bem simplificada que basta apenas aprender a dizer “não”. E como muitos já devem ter escutado dos mais diversos e renomados conhecedores do desenvolvimento pessoal, principalmente, voltado à área profissional e de recursos humanos que “fazer escolhas e aprender a dizer não uma estratégia imprescindível para poder administrar sua vida com mais propriedade.

Está certo, sabemos! “Dizer não”, “fazer escolhas” torna nossa vida mais moderada e não sofremos tanto com as exigências externas. Mas será que realmente sabemos como julgar qual o momento certo de dizer não? Como precisar considerações e concessões? Quando medimos interesses desproporcionais, como família e trabalho por exemplo, é comum nos fincarmos numa encruzilhada, pois a única certeza que temos é que um lado sairá perdendo.

Aquele não que deveria ser sim naquele momento, mas que precisa ser não. Aquele não para aquela pessoa (ou situação) que você sabe toda a importância para sua vida, mas que não é possível ser sim. Como definir o que deve, pode ou precisa ser renunciado? Por que é tão difícil e doloroso abdicar de determinadas coisas, principalmente, no momento em que tudo na vida deveria ser mais claro? Será que ter certeza do que se quer e de onde se quer chegar é realmente garantia e segurança necessária para tomar decisões, fazer escolhas e, mais do que isto, renunciar?

São anos dedicados ao crescimento, progresso, construção; anos de planejamentos sólidos e respostas prontas e certas às perguntas como: o que você quer para seu futuro? Quem você quer ser? Onde quer chegar? Que família quer ter? E num certo momento tudo se concretiza, de uma maneira ou de outra, mas também surge a confirmação de que nada se vive por inteiro, a completude é impossível e que os motivos nem sempre bastam ou garantem a tranqüilidade da decisão.

A insegurança, antes gerada pelo ‘será que conseguirei?’, hoje se instaura no ‘será que estou fazendo a coisa certa?’ As respostas que justificam os atos surgem em forma de pensamento ou voz interior que dizem “sim, está fazendo a coisa certa”. Há razões suficientes para se saber certo do que faz e servem como base estruturante para que, na cisão de todo homem, um lado fique firme e orgulhoso de si mesmo.

Mas, enquanto cindido, o homem carrega consigo um ponto de interrogação que insiste em se presentificar como dúvida constante, insiste em não permitir que as justificativas bastem, mesmo sendo reais ou plausíveis. Aparecem, então, as dúvidas ‘será quê?’; ‘mas e se...?’; ‘talvez fosse melhor...’

Esta cisão pode ser bem percebida nos períodos de final de férias, quando a dor e dúvida emergem na vontade de ficar mais um pouco com a família, no saber que até as próximas férias há muito tempo. Contemplar a família, o lazer, o espaço pessoal também não foi completo, ainda resta alguma coisa. A dor do preciso, mas não quero, feito criança entre o estudo e o brincar. É uma dor diferente porque não é uma simples dúvida sobre qual caminho tomar, pois a consciência e o amadurecimento já não permitem a escolha entre dois caminhos. A dor está na renúncia e na recusa que acomete o ser e não o inspira.

É mais fácil quando a dedicação é exclusiva, quando os valores do sujeito estão direcionados a propósitos mais unilaterais e, mesmo que existam outras coisas, estas apenas permeiam ou recheiam a vida do sujeito, que mesmo sendo importantes, não são fundamentais. Ou, pelo menos, este sujeito em específico, consegue conduzir suas vontades e objetivos desta forma e, portanto, não sofre.

Entretanto, a maioria das pessoas não são assim. E, talvez seja até uma questão cultural, pois não temos a tendência de valorizar a família, o lazer, o descanso, o pessoal. Não aprendemos a viver fundamentalmente para o trabalho e para o dinheiro. Isto é tão forte e complexo que muitas pessoas se sentem confusas e perdidas quando anseiam a possibilidade de cargos mais elevados porque aceitar é saber do afastamento da vida pessoal e recusar é o temor de não ser compreendido e ser visto como alguém que não se empenha e não tem a mesma dedicação pelo trabalho e pela empresa.

Você, enquanto nó – o nó do cabo de guerra – que não se desfaz e só persiste como emaranhado de fios ou bolo de dúvidas e idéias, e assim se põe diante de expectativas e vontades, certamente frustra muita gente e frustra a si mesmo porque percebe que não pode tudo, que não atinge a perfeição, porém tem a certeza que o equilíbrio é sempre momentâneo.

Fotos do Lançamento pelo link:

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